sábado, 22 de outubro de 2011

PALESTRA - 6 PRINCÍPIOS DE UMA VIDA SANTA

VIDEO DA VIAGEM DO BISPO ILDO A RIO CASCA/ MG

As Marcas e o Caráter de um Metodista

As Marcas de um Metodista

De modo algum, queremos nos distinguir dos cristãos reais, qualquer que seja sua denominação, como também daqueles que, sinceramente, buscam aquilo que reconhecem ainda não possuir. Pois quem quer que faça a vontade de meu Pai, que está no céu, este é meu irmão, irmão ou mãe.

E assim rogo, meus irmãos, pelas misericórdias de Deus, que não sejais divididos entre vós. É o teu coração reto para comigo, assim como o meu o é para contigo? Eu nada mais pergunto. Se assim o for, dá-me tua mão. Não destruamos a obra de Deus por causa de simples termos e opiniões. Tu serves e amas a Deus? Isto é o bastante. Estendo-te a minha mão direita em sinal de comunhão. Se há qualquer consolação em Cristo, se há qualquer conforto no amor, se há comunhão no Espírito, lutemos juntos pela fé evangélica, andando de maneira digna da vocação a que fomos chamados, com toda humildade e mansidão, assim também com longanimidade. Suportemo-nos uns aos outros em amor e esforcemo-nos por manter a unidade do Espírito, no vínculo da paz, lembrando sempre que há um só corpo como também um só Espírito, pois nossa vocação está apenas em uma esperança: um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, que está sobre todos, age por meio de todos e está em todos.

John Wesley (Fundador do Metodismo)
Veja também o texto de Wesley denominado: O Caráter de Um Metodista:

O Caráter de um Metodista
Por John Wesley

"Não como se eu já tivesse conseguido!".

Ao leitor:

1. Assim que o nome foi conhecido no mundo, muitos estavam perdidos quanto ao que significavaMetodista; quais os princípios e prática daqueles que são comumente chamados por esse nome; e quais as marcas peculiares dessa religião "a qual tem sido, em todos os lugares, falado contra".

2. E, sendo, geralmente, acreditado que, eu era capaz de dar um relato esclarecedor dessas coisas, (já que eu tenho sido um dos primeiros a quem esse nome foi dado, e a pessoa, pela qual as demais supõem que ele esteja direcionado), eu tenho sido chamado, de todas as formas, e com a mais extrema seriedade, a assim proceder. Eu me rendo, pelo menos, à importunidade contínua, tanto de amigos quanto de inimigos; e agora faço o mais claro relato que eu posso, na presença do Senhor e Juiz dos céus e da terra, sobre os princípios e prática, por meio dos quais, aqueles que são chamados Metodistas são distinguidos de outros homens.

3. Eu digo aqueles que são chamados Metodistas; porque, deixe isso ficar, bem observado, esse não é um nome que eles pegaram para si mesmos, mas um fixado sobre eles, através do caminho da reprovação, sem a aprovação ou consentimento deles. Ele foi, primeiro, dado a três ou quatro jovens de Oxford, por um estudante da Igreja de Cristo; em alusão aos Physicians (médicos), assim chamados, que ensinavam que todas as doenças podiam ser curadas através de um método específico de dieta e exercícios, tanto quanto da observação deles de um método mais regular de estudo e comportamento, do que aquele que era usual aos da mesma idade e situação deles.

4. Eu poderia regozijar-me (tão pouco ambicioso eu sou para ser o mentor de qualquer doutrina ou partido), se esse nome nunca mais fosse mencionado, mas fosse queimado no esquecimento eterno. Mas se isso não pode ser, que, pelo menos aqueles que irão usá-lo, saibam o significado da palavra que eles usam. Não permita que lutemos sempre na escuridão. Venham, e nos deixe olhar, uns aos outros, na face. E, talvez, alguns de vocês que odeiam aquilo do qual eu sou chamado, possam amar aquilo que eu sou, pela graça de Deus; ou melhor, o que "eu sigo, se eu compreender que, através disso, eu também sou compreendido de Cristo Jesus".

O Caráter de Um Metodista

1. As marcas peculiares de um Metodista não são as opiniões dele de qualquer tipo. Sua concordância a esse ou aquele sistema religioso; ele abraçar algum grupo particular de idéias, sua adesão ao julgamento de um homem ou de outro, estão todos, completamente, longe do ponto. Quem quer que, entretanto, imagine que um Metodista seja um homem desse tipo, ou dessa opinião, é, grosseiramente, ignorante de toda a questão; ele se equivoca da verdade, totalmente. Nós acreditamos, realmente, que "toda Escritura é dada pela inspiração de Deus"; e onde nós somos distinguidos dos judeus, turcos, e infiéis. Nós acreditamos que as palavras escritas de Deus sejam regra única e suficiente, tanto de fé como de prática cristã; e onde nós, fundamentalmente, somos distinguidos daqueles da Igreja Católica. Nós acreditamos que Cristo seja o Deus eterno e supremo; e onde nós somos diferenciados dos "Socianians" e Arianos. Mas, com respeito a todas as opiniões, que não colidem com a raiz do Cristianismo, nós pensamos e deixamos pensar. De modo que, o que quer que eles sejam, se certos ou errados, eles não são as marcas distintas de um Metodista.

2. Nem são as palavras ou frases de qualquer tipo. Nós não colocamos nossa religião, ou qualquer parte dela, sendo atada a qualquer modalidade peculiar de falar, grupo fantástico ou incomum de expressões. Diante de outros, nós preferimos as palavras mais óbvias, fáceis e comuns, tanto nas ocasiões costumeiras, como quando falamos das coisas de Deus. Nós nunca, entretanto, de boa-vontade, ou intencionalmente, desviamos da maneira de falar mais usual; a menos, quando nós expressamos as verdades bíblicas, nas palavras bíblicas, as quais, nós presumimos, nenhum cristão irá condenar. Nem nos afligimos a usar quaisquer expressões particulares das Escrituras, mais freqüentemente, do que outras, a menos que elas sejam usadas, mais amiúde, pelos próprios escritores inspirados. De maneira que é um erro grosseiro colocar as marcas de um Metodista em suas palavras, como, nas opiniões de toda espécie.

3. Nem nós desejamos ser distinguidos por ações, costumes, ou usos, de uma natureza imparcial. Nossa religião não se coloca fazendo o que Deus não tem se alegrado, ou abstendo-se daquilo que ele não tem proibido. Ela não se coloca na forma de nossos trajes, na postura de nossos corpos, ou na cobertura de nossas cabeças; não ainda, em nos abster do casamento, ou de carnes e bebidas, as quais são boas, se recebidas com ações de graça. Entretanto, nem irá homem algum, que conhece, a respeito do que ele afirma, fixar as marcas do Metodista aqui —, em alguma ação e costume, puramente, indiferente, indeterminado pela palavra de Deus.

4. Nem, ultimamente, ele é distinguido por colocar toda a tensão da religião em alguma parte singular dela. Se você disser: "Sim, é, porque ele pensa 'que nós somos salvos pela fé somente'": Eu respondo: Você não entendeu as condições. Através da salvação ele quer dizer santidade de coração e vida. E isso ele afirma brotar da fé verdadeira apenas. Pode algum cristão comum negar isso? É isso que está colocando uma parte da religião para um todo? "Nós, então, podemos invalidar a lei através da fé? Deus proíbe! Sim, nós firmamos a lei". Nós não colocamos o todo da religião (como muitos fazem, Deus sabe), em não fazendo mal algum, ou em fazendo o bem, ou em usando as ordenanças de Deus. Não, não em todas elas, juntas; em que nós sabemos, por experiência, que um homem pode trabalhar muitos anos, e, ao fim, não ter religião; não mais do que ele tinha no começo. Muito menos, em qualquer um desses; ou, e pode ser, em um pedaço de algum deles: como ela que se acredita uma mulher virtuosa, apenas porque ela não é uma prostituta; ou ele que sonha que é um homem honesto, meramente, porque ele não rouba ou furta. Possa o Senhor Deus de meus pais, preservar-me de tal religião pobre e faminta como essa! Fossem essas as marcas de um Metodista, eu logo escolheria ser um sincero judeu, turco ou pagão!

5. "Qual, então, é a marca? Quem é um Metodista, de acordo com o seu próprio relato?" Eu respondo: Um Metodista é aquele que tem "o amor de Deus derramado por todo seu coração, pelo Espírito Santo dado a Ele"; alguém que "ama o Senhor seu Deus com todo seu coração, e com toda sua alma, e com toda sua mente, e com todas as suas forças. Deus é a alegria em seu coração, e o desejo de sua alma; a qual está, constantemente, clamando: Quem eu tenho, nos céus, a não ser a ti? Não há ninguém sobre a terra que eu deseje, além de Ti! Meu Deus e meu tudo! Tu és a força de meu coração, e minha porção para sempre!".

6. Ele é, contudo, feliz em Deus, sim, sempre feliz, como tendo nele, "um poço de água, fonte da vida eterna", e transbordando sua alma com paz e alegria. "Amor perfeito", tendo agora, "lançado fora o medo", ele "se regozija sempre mais". Ele "se regozija, sempre, no Senhor", sempre "no Deus, seu Salvador"; e, no Pai, "através de nosso Senhor Jesus Cristo, por quem ele tem agora recebido a redenção". "Tendo" encontrado a "redenção, através de seu sangue, o perdão de seus pecados" ele não pode deixar de se regozijar, sempre que ele olha para trás, para a cova horrível, de onde ele foi liberto; quando ele vê "todas as suas transgressões e iniqüidades apagadas, como uma nuvem". Ele não pode deixar de se regozijar, quando ele olha para as condições em que ele está agora; "sendo justificado, livremente, e tendo paz com Deus, através de nosso Senhor Jesus Cristo". Porque "ele que acredita, ter o testemunho" disso "em si mesmo"; sendo agora o filho de Deus, pela fé. "Porque ele é um filho, Deus tem enviado adiante o Espírito de seu Filho, no seu coração, clamando: Abba, Pai!". E "o próprio Espírito é testemunha com seu espírito de que ele é um filho de Deus". Ele se regozija também, quando ele olha, para frente, "na esperança da glória que deve ser revelada"; sim, essa sua alegria é completa, e todos os seus ossos clamam: "Abençoado seja Deus, e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, de acordo com sua abundante misericórdia, tem me recriado na esperança viva — da herança incorruptível, inviolável, e que não se desvanece, reservada, nos céus, para mim!".

7. E ele que tem sua esperança, assim "cheia da imortalidade, em todas as coisas, agradece"; como sabendo que (o que quer que elas sejam) "é a vontade de Deus, em Cristo Jesus, concernente a ele". Dele, no entanto, ele, carinhosamente, recebe tudo, dizendo: "Boa é a vontade do Senhor"; e se o Senhor dá ou tira, igualmente, "glorifica o Seu nome". Porque ele tem "aprendido, em qualquer condição que esteja, nesse momento, estar contente". Ele sabe "ambos, como ser humilhado, e como estar em abundância. Em todo o lugar, e em todas as coisas, ele está instruído a estar saciado e a estar faminto; a estar em abundância e a sofrer necessidade". Se, no bem estar físico, ou na dor; na doença ou na saúde, na vida ou na morte, ele agradece das profundezas de Seu coração a quem ordena isso para o bem; sabendo que como "todo dom agradável vem do alto", então, nada, a não ser o bem pode vir do Pai das luzes, daquele, em cujas mãos ele tem, completamente, colocado seu corpo e alma, como nas mãos do Criador fiel. Ele tem, então, "cuidado" (ansiosamente, ou despreocupadamente) "de nada" tendo "colocado todas as suas preocupações Nele que cuida por ele", e "em todas as coisas" descansa Nele, depois "de fazer seu pedido conhecido a Ele com ações de graças".

8. Porque, realmente, ele "ora, sem cessar". É dado a ele "sempre orar, e não fraquejar". Não que ele esteja sempre na casa de oração; embora ele não negligencie a oportunidade de estar lá. Nem que ele esteja sempre de joelhos, apesar de estar, freqüentemente, ou com seu rosto diante do Senhor seu Deus. Nem ainda ele está sempre clamando alto para Deus, ou o chamando em palavras: Muitas vezes, "o Espírito intercede por ele, com gemidos que não podem ser exprimidos". Mas todo o tempo, a linguagem do seu coração é esta: "Tu, esplendor da glória eterna, junto a ti está meu coração, embora sem voz, e meu silêncio fala junto a ti". E essa é a verdadeira oração, e apenas essa. Mas seu coração está sempre erguido para Deus, todo o tempo, e em todos os lugares. Nisso, ele nunca é obstruído, muito menos, interrompido, por qualquer pessoa ou coisa. Sozinho ou acompanhado, nos momentos de folga, no trabalho, ou conversando, seu coração está sempre com o Senhor. Se ele se deita, ou se levanta, Deus está em seus pensamentos; ele caminha com Deus, continuamente, tendo o olho do amor de sua mente, ainda fixado Nele, e em todo o lugar, "buscando a Ele que é invisível".

9. E, enquanto isso, ele, desse modo, sempre exercita seu amor a Deus, orando, sem cessar, regozijando-se, sempre mais, e em todas as coisas dando graças; seus mandamentos estão escritos em seu coração: "Que, ele, que ama a Deus, ame ao seu irmão, também". E ele, concordantemente, ama seu próximo, como a si mesmo; ele ama cada homem, como sua própria alma. Seu coração está cheio de amor para com toda a humanidade, para com todos os filhos do "Pai de todos os espíritos de toda a carne". Que um homem não lhe seja conhecido, pessoalmente, não é barreira alguma a seu amor; não, nem àquele que ele não aprova que recompense sua boa-vontade com ódio. Porque ele "ama seus inimigos"; sim, e os inimigos de Deus, "o mau e o mal agradecido". E se não está em seu poder "fazer o bem a quem o odeia", ainda assim, ele não cessa de orar por eles, embora eles continuem a rejeitar seu amor, e ainda "maliciosamente, o usem e o persigam".

10. Porque ele é "puro de coração". O amor de Deus tem purificado seu coração de toda paixão vingativa, da inveja, malícia e ira, de todo temperamento indelicado ou afeição maligna. Isso o limpou do orgulho e altivez de espírito, de quem, sozinho, emana contenda. E ele agora está "cheio de misericórdia, delicadeza, humildade de mente, brandura, e longanimidade": De modo que ele "abstém-se e perdoa, se ele tem alguma disputa com alguém; assim como Deus, em Jesus Cristo, o perdoou". E, realmente, todo possível motivo para contenda, de sua parte, é extremamente, cortado fora, Porque ninguém pode tirá-lo do que ele deseja; vendo que ele "ama não o mundo, nem coisa alguma dele"; sendo agora "crucificado para ele, e o mundo crucificado nele"; sendo morto para tudo o que nele está, para "a cobiça da carne, a cobiça dos olhos, e o orgulho da vida". Porque "todo seu desejo está em Deus, e na lembrança de Seu nome".

11. De acordo com esse seu único desejo, é o único objetivo de sua vida, ou seja, "não fazer a sua própria vontade, mas a vontade Dele que o enviou". Sua única intenção todo esse tempo e, em todas as coisas não é, agradar a si mesmo, mas a Ele que a sua alma ama. Ele tem um único olho. E, porque "seu olho é único, todo seu corpo é cheio de luz". De fato, onde o olho de amor de sua alma é, continuamente, fixo em Deus, não pode haver escuridão, afinal, "mas o todo é luz; como quando a luz brilhante da vela ilumina a casa". Deus, então, reina sozinho. Tudo o que está na alma é santidade para o Senhor. Não há um movimento em seu coração, a não ser o que está de acordo com a Sua vontade. Cada pensamento despertado aponta para Ele, e está em obediência à lei de Cristo.

12. E a árvore é conhecida por seus frutos. Porque como ele ama a Deus, então ele guarda seus mandamentos; não apenas alguns, ou a maioria deles, mas todos, do menor ao maior. Ele não está satisfeito em "manter a lei toda, e ofender em um ponto"; mas ele tem, em todos os pontos, "a consciência, sem ofensa, para com Deus e para com o homem". O que quer que Deus tenha proibido, ele evita; no que quer que Deus tenha se alegrado, ele faz; e mesmo que isso seja pequeno ou grande, difícil ou fácil, jubiloso ou doloroso, para a carne. Ele "executa os mandamentos de Deus", agora que ele tem o coração livre. É sua glória, então, fazer isso; é sua coroa de regozijo, diariamente, "fazer a vontade de Deus sobre a terra, como ela é feita nos céus"; sabendo que é o mais alto privilégio dos "anjos de Deus, daqueles que se sobressaem, em força, para cumprir Seus mandamentos, e escutar atentamente a voz de Sua Palavra".

13. Todos os mandamentos de Deus, ele, concordantemente, mantém, e isso, com todo sua força. Porque sua obediência está em proporção ao seu amor, a fonte de onde isso flui. E, por conseguinte, amando Deus com todo seu coração, ele serve a ele com toda sua força. Ele, continuamente, apresenta sua alma e seu corpo, como um sacrifício vivo, santo e aceitável a Deus; inteiro e sem reservas, devotando a Ele, tudo o que tem, tudo o que é, para sua glória. Todos os talentos que ele tem recebido, ele, constantemente, emprega, conforme a vontade do Mestre; cada poder ou faculdade de sua alma, cada membro de seu corpo. Uma vez, ele "consentiu que eles fossem instrumentos da iniqüidade, para o pecado", mas, agora "tendo nascido dos mortos, ele consente" que todos eles "sejam instrumentos da retidão para Deus".

14. Por conseqüência, o que quer que ele faça, é tudo para a glória de Deus. Em toda sua ocupação, de toda a espécie, ele não apenas concentra seus esforços, (que implica em ter um único olho), mas, atualmente, ele consegue isso. Suas ocupações, ou suas horas de repouso, tanto quanto suas orações, tudo serve a esse grande fim. Se ele está sentado em sua casa, ou caminhando; se ele se deita, ou levanta, ele está promovendo, em tudo que fala ou faz, a única ocupação de sua vida; se ele coloca seus trajes, ou trabalha, ou come e bebe, ou se diverte do trabalho exaustivo, isso tudo tende ao crescimento da glória de Deus, pela paz e boa-vontade entre os homens. Sua única e invariável regra é essa: "O que quer que seja feito, em palavra ou ação, fazer tudo, no nome de Nosso Senhor Jesus, dando graças a Deus e ao Pai por ele".

15. Nem os costumes do mundo, afinal, o impedem de "correr a corrida que está colocada diante dele". Ele sabe que os maus hábitos não perdem sua natureza, embora sempre se tornem tão na moda; e lembra que "todo homem deverá dar um relato de si mesmo a Deus". Ele não pode, por conseguinte, "seguir" mesmo a "multidão para fazer o mal". Ele não pode "passar, suntuosamente, bem, todos os dias", ou "fazer provisão, para a carne se encher de cobiça, depois disso". Ele não pode "deitar tesouros na terra", não mais do que ele pode botar fogo em seu próprio peito. Ele não pode "adornar a si mesmo", por qualquer pretensão, "com ouro ou trajes suntuosos". Ele não pode tomar parte, ou encorajar alguma diversão que tenha a menor tendência ao vício de qualquer espécie. Ele não pode "falar mal" de seu próximo, nada mais do que ele pode mentir, tanto para Deus quanto para o homem. Ele não pode expressar uma palavra indelicada de alguém; por amor, ele mantém fechados seus lábios. Ele não pode dizer "palavras vãs"; "nenhuma comunicação corrupta" deverá "sair de sua boca, como todas aquelas que não são boas para o uso da edificação", não "adequadas para ministrar graça aos ouvintes". Mas "por mais que as coisas sejam puras, por mais que sejam amáveis, por mais que sejam", justamente, "de boa reputação", ele pensa, ele fala, ele age, "adornando o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, em todas as coisas".

16. Por último. Sempre que pode, ele "faz o bem a todos os homens"; seu próximo, e estranhos; amigos e inimigos: e de toda a forma possível; não apenas aos seus corpos, "alimentando o faminto, vestindo o nu, visitando aqueles que estão doentes ou na prisão"; mas, muito mais, ele trabalha para o bem da alma deles, com a capacitação que Deus lhe deu, para acordar aqueles que dormem na morte; trazer os que estão acordados para o sangue reparador, que, "sendo justificado pela fé, eles podem ter paz com Deus"; e provocar aqueles que têm paz com Deus, para abundar ainda mais em amor e boas obras. E ele, de boa-vontade, "passa e vai passar nisto", mesmo "para ser oferecido no sacrifício e serviço da fé deles", de maneira que eles possam "todos chegar na medida e na estatura da plenitude de Cristo".

17. Esses são os princípios e práticas de nossa religião; essas são as marcas de um verdadeiroMetodista. Por meio dessas apenas, aqueles que estão, no ridículo, assim chamado, desejam ser distinguidos de outros homens. Se algum homem disser, "Mas esses são apenas os princípios comuns fundamentais do Cristianismo!". Tu o disseste; então, eu concordo; essa é a própria verdade; eu sei que não existem outras; e eu gostaria, em Deus, que tu e todos os outros homens soubessem que eu, e todos os que seguem meu julgamento, recusam-se, veementemente, a serem distinguidos de outros homens, a não ser pelos princípios comuns do Cristianismo — o claro, e velho Cristianismo que eu ensino, renunciando e abominando todas as outras marcas de distinção. E a quem quer que eu pregue, (deixe-o ser chamado, pelo que ele deseja, porque nomes não mudam a natureza das coisas), ele é um cristão, não apenas no nome, mas, no coração e na vida. Ele está, interiormente e exteriormente, em conformidade com a vontade de Deus, como revelada, nas palavras escritas. Ele pensa, fala, e vive, de acordo com o método estabelecido, na revelação de Jesus Cristo. Sua alma está renovada, na busca da imagem de Deus, na retidão, e em toda santidade verdadeira. E tendo a mente que estava em Cristo, ele, então, caminha como Cristo também caminhou.

18. Por essas marcas, por esses frutos da fé viva, nós trabalhamos para distinguir a nós mesmos do mundo descrente, de todas aquelas mentes ou vidas que não estão de acordo com o Evangelho de Cristo. Mas dos cristãos reais, quaisquer que sejam as denominações deles, nós, sinceramente, não desejamos ser distinguidos, afinal; não daqueles que, sinceramente, buscam o que eles sabem que eles ainda não têm obtido. Não: "quem quer que faça a vontade de meu Pai, que está nos céus, o mesmo é meu irmão, e irmã, e mãe". E eu imploro a vocês, irmãos, pela misericórdia de Deus, que nós não sejamos, de modo algum, divididos, entre nós mesmos. Está teu coração comigo, como o meu está contigo? Eu não farei mais perguntas. Se assim for, dê-me tua mão. Por opiniões ou termos, não nos deixe destruir o trabalho de Deus. Tu amas e serve a Deus? É o suficiente. Eu dou a você a mão direita do companheirismo. Se existe algum consolo em Cristo, se existe algum conforto de amor, se alguma amizade do Espírito; se existe misericórdia; permita que nós nos esforcemos, juntos, pela fé do Evangelho; caminhando dignos da vocação, pela qual, nós fomos chamados; com toda humildade e brandura, com longanimidade, tratando com clemência, um ao outro, no amor, esforçando-nos para manter a unidade do Espírito, nos laços da paz; lembrando que há um corpo, e um Espírito, mesmo quando somos chamados com uma esperança de nosso chamado; "um Senhor, uma fé, um batismo; um Deus e Pai de todos, que está acima de tudo, e através de tudo, e em você todo".

Tradução Izilda Bella

Desafios sociais que a Igreja encara hoje

(Autor: Bispo José Ildo Swartele de Mello)
Já vimos que a Missão de Cristo e da Igreja não tem a ver apenas com indivíduos e com aspectos espirituais. Há uma íntima relação entre indivíduos e sistemas sociais. Pois enquanto as pessoas criam sistemas sociais como instituições econômicas, políticas, religiosas e culturais, ao mesmo tempo estas mesmas instituições modelam as pessoas.i O impacto da queda afeta tanto o indivíduo como o sistema social, portanto o impacto do Evangelho do Reino deve se fazer sentir sobre ambos. A missão cristã trabalha em favor da redenção de todas as pessoas, sistemas sociais e meio ambiente, apresentando um Evangelho completo que tem a ver com toda a vida. Este é o Reino de Deus.ii
Veremos, mais adiante, como foi que Wesley e o metodismo encararam de modo exemplar questões sociais que eram muito importantes naquele tempo. O sucesso deles em algumas empreitadas como na questão da abolição da escravidão, nos inspira e nos dá confiança para enfrentarmos os grandes desafios sociais dos nossos tempos. Como Igreja devemos saber quais são as questões sociais que estão aí diante de nós, como um desafio para a Igreja.
Poderíamos falar sobre injustiça social, globalização, guerras, violência urbana, desestruturação familiar, crise de autoridade, relativismo, vícios, pornografia, comportamento sexual, hedonismo, individualismo, consumismo, materialismo, aborto, eutanásia, corrupção, questões do meio-ambiente, e tantas outras sérias questões que afetam a humanidade. Mas não é propósito deste trabalho tratar de cada uma das sérias questões sociais que a Igreja tem que encarar nos dias de hoje, mas, como exemplo, queremos levantar algumas questões buscando traçar algumas linhas de ação para a Igreja diante de alguns desafios que se apresentam.
Um dos principais problemas que ainda desafia a consciência cristã na atualidade é a questão da justiça social. Gerada pelo individualismo materialista e hedonista da nossa sociedade que tem sido caracterizada pelo consumismo. Como bem advertiu Padilla, quando disse que, nós, como Igreja, “não podemos perder de vista o caráter demoníaco de todo o meio ambiente espiritual que condiciona o pensamento e a conduta dos homens. Não podemos ignorar a realidade do materialismo, a absolutização da era presente no que ela oferece”.iii Concordo com Padilla quando ele diz que o cristianismo secular está obcecado com a vida deste mundo, onde a esperança cristã acaba se confundindo com a esperança intramundana do marxismo, expressa na teologia da libertação, e do capitalismo, expressa na teologia da prosperidade, e, no extremo oposto, temos a escatologia futurista que faz da religião um meio de escape da realidade presente, postura esta que acaba por justificar à critica marxista de que a religião é o ópio do povoiv, pois serve como instrumento para manutenção do status quo, tanto por uma atitude de fuga no caso dos dispensacionalistas, como numa atitude de acomodação ao espírito da época na edificação de um cristianismo-cultura como acontece no caso da teologia da prosperidade, na apresentação de um “evangelho” adequado ao “cliente”, que são os “livre consumidores”. Precisamos, continuamente, estarmos nos julgando a nós mesmos e as nossas ações a luz da palavra de Deus para que não sejamos um mero reflexo da sociedade, com seu materialismo, mas, sim, que possamos cumprir nossa missão na terra como agentes do Reino de Deus, agindo como sal da terra e luz do mundo.

O desafio do cristianismo frente a esta sociedade de Consumo

Hoje, vivemos numa sociedade de consumo, antes dela o que tínhamos era uma sociedade de produção, onde se exigia muita abnegação e renúncia em prol da produção e também da construção da própria felicidade, realização e prazer que eram adiados para um tempo futuro ou de aposentadoria. Foi a aquela sociedade que Freud se reportou. Mas na tentativa de combater um extremo de repressão, acabamos mergulhando num extremo oposto, num mundo do "não se reprima!", "experimenta!", "No limit!"... Portanto, na sociedade atual de consumo, o que predomina é o individualismo e o hedonismo. Não existe disposição para se adiar nada. Os próprios pais procuram satisfazer todos os desejos dos filhos, que acabam não aprendendo a lidar com frustrações e "nãos". As propagandas, que são o pulmão deste sistema, criam novas "necessidades" e nos falam de uma vida plena de satisfação imediata, tipo êxtase proporcionado pelas drogas. Só que isto é utópico para a maioria das pessoas que estão excluídas dos bens de consumo. Tal frustração, incrementada pelo grande contraste entre a realidade e o sonho, só faz é escancarar ainda mais a porta para o alcoolismo e para o mundo das drogas. As drogas parecem, em algum sentido, ainda que por pouco tempo, proporcionar a sensação de prazer tão valorizada por esta sociedade de consumo. O incremento da violência também é uma outra decorrência! Esta visão tão colorida da vida, que pouco tem a ver com a realidade da grande maioria das pessoas, acaba fomentando ainda mais inveja, cobiça e frustração, não apenas pela ausência do básico, mas, agora, também pela ausência do supérfluo que nos é apresentado como sendo indispensável para a sensação de bem-estar. Temos também que, em nome da felicidade individual e também fascinado pela "grama do vizinho que parece mais verde que a nossa", impaciente e frustrado com as naturais crises do casamento, o indivíduo, está cada dia menos disposto a pagar um preço de renúncia em prol da sobrevivência da relação, e, não tendo disposição de suportar frustração, a curto prazo, para conquistar realização a médio e longo prazo, acaba optando pelo caminho aparentemente mais fácil e de recompensa mais imediata ainda que isto possa lhe custar sua felicidade futura.

Teologia da Prosperidade é produto da sociedade de consumo

A teologia da prosperidade é produto desta sociedade de consumo, prometendo conceder através da fé tudo aquilo que as propagandas dizem que uma pessoa precisa ter para ser feliz. Tal teologia tem domesticado o texto bíblico a fim de adequá-lo a mentalidade consumista, numa tentativa de validar o acumulo de riquezas, o que tem levado muitos crentes a se acomodarem e se amoldarem a este mundo, contrariando os rogos do Aposto Paulo (Rm 12.1-2). Assim sendo, muitas igrejas, em vez de serem um termostato, acabam sucumbindo e se tornam apenas um termômetro que reflete e se ajusta ao clima, só mostrando o clima, mas não influenciando e transformando o clima. Esta teologia faz da fé uma varinha de condão e, do nome de Jesus, uma espécie de abracadabra ou lâmpada de Aladin para a realização de todos os sonhos despertados pela sociedade de consumo. Alguns pastores sucumbem aos encantos do sucesso e, buscando se tornarem celebridades, acabam entrando no espírito deste mundo consumista. Passam a pregar uma mensagem triunfalista e adocicada que esconde o preço do discipulado, nada falando sobre a necessidade da negação de si mesmo e de se carregar cada um a sua própria cruz, nada dizendo também sobre a graça de padecermos por Cristo. Usam Deus e a Bíblia como justificativa e meio para satisfação da ganância humana. Pregadores da teologia da prosperidade estão como que dizendo que tudo está bem e que o sistema é magnífico e que os outros podem também vir a serem ricos como eles. Nada de novo nisto, pois Miquéias 7.2-4 mostra que a injustiça estava institucionalizada e permeava toda a sociedade incluindo os falsos sacerdotes e profetas que, já em sua época, visavam buscar riqueza para si mesmos.
Numa perspectiva bíblica é possível enxergar a pobreza dos ricos, que ainda que sejam ricos para si mesmos, são pobres para com Deus e para com os demais seres humanos. Tal pobreza do rico alimenta a pobreza do pobre.v
Hoje, os pastores da teologia da prosperidade, com a promessa de prosperidade e saúde sempre em nome da fé, entram numa competição desenfreada em busca de adeptos ou “consumidores”, chegando a apelar para novidades e “promoções” a fim de atrair o povo. Por falar no povo, é ele a grande vítima de todo este complexo sistema de nossa sociedade consumista, que acabou até seduzindo parte da Igreja evangélica. Diante da grande mentira de que o prazer, o sucesso e o bem-estar físico, econômico e social são o grande alvo da vida e que tudo isto está acessível a todos, iludido, o povo busca no consumo a realização imediata deste ideal, mas, quase sempre, tem que lidar com a realidade de uma vida de privações, injustiça, lutas e muitos sofrimentos. Frustrado, desamparado e só está o “freguês”, sentindo-se fracassado e oprimido pela ditadura do ter. Agora, nem na Igreja encontra respostas para a sua dor, mas apenas ainda mais culpa por não ter tido fé suficiente para ter sido bem sucedido na vida profissional ou para ter sido curado de algum mal.
A espiritualidade cristã não pode ser confundida com prosperidade financeira, nem com sucesso e nem com saúde. Pois, fosse este o caso, não poderíamos considerar nem a Jesus e nem os apóstolos como homens espirituais, visto que eram pobres, ficavam doentes, passaram muitas necessidades, sofreram perseguições, foram presos, desprezados pelo mundo e foram martirizados. Jesus mesmo disse que não tinha onde reclinar a cabeça (Mt 8.20) e não tinha dinheiro sequer para pagar o imposto, tendo que solicitar a Pedro que pescasse um peixe que teria uma moeda dentro de si que serviria para pagar esta divida (Mt 17.24-27), pois sabemos que Jesus, sendo rico se fez pobre (2 Co 8.9). Pedro e João disseram claramente que não possuíam ouro nem prata (At 3.6). Paulo experimentou período de pobreza (Fp 4.11, 2 Co 6.10, Tg 2.5). Comunidades inteiras de cristãos do Novo Testamento eram muito pobres (2 Co 8.2, Rm 15.26, Ap 2.9). A própria Maria, entre todas as mulheres a mais agraciada, não teve um lugar descente para dar a luz ao seu Filho bendito. Todas as portas se fecharam e apenas a porta do curral foi a que se abriu para ela e para José seu esposo. Ela não ficou murmurando e nem ficou rejeitando aquele lugar fétido e incipiente. Ela não ficou ali inconformada reivindicando um lugar condizente a sua condição de bendita entre todas as mulheres. Ela, pelo contrário, aceitou a sua própria cruz, acolheu a bendita graça de padecer por Cristo e não de somente crer nele (Fp 1.13). Foi naquele curral e naquela manjedoura improvisada de berço que se fez Natal. A noite mais feliz da história humana! Eis aí mais um exemplo do privilégio de participar dos sofrimentos de Cristo e completar o que falta de suas aflições (Colossenses 1:24). Perguntaram a William Booth, fundador do Exército de Salvação, qual era o segredo do seu sucesso, ele respondeu: "Deus teve de mim tudo o que Ele quis". Infelizmente os evangélicos seduzidos pelo consumismo têm feito o contrário: exigem de Deus tudo o que eles querem.
iMyers, Bryant L. Caminar con Los Pobres. Manual teórico-prático de desarrollo transformador. Buenos Aires: Kairós. 2002. P.51
iiMyers, Bryant L. Caminar con Los Pobres. Manual teórico-prático de desarrollo transformador. Buenos Aires: Kairós. 2002. P.52.
iiiPadilla, C. R. Missão Integral, São Paulo, FTL-B/Temática, 1992. 209 pp.
ivIbid.
vMyers, Bryant L. Caminar con Los Pobres. Manual teórico-prático de desarrollo transformador. Buenos Aires: Kairós. 2002. P.59.

BOLETINS Nº 91 A 100




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Reino de Deus e a Missão da Igreja

(Autor: Bispo José Ildo Swartele de Mello)
Temos demonstrado como a natureza do Reino de Deus se revela na Trindade, em especial, na pessoa e obra de Cristo e do Santo Espírito. A Igreja deriva sua missão da própria missão de Cristo. A Igreja, como corpo de Cristo e comunidade do Rei, é continuadora da missão de Cristo pelo poder do Espírito Santo. É por obra e graça do Espírito de Deus que a Igreja se torna capaz de cooperar com Deus como testemunha do Rei e como embaixadora e agência do Reino. A Igreja não existe para si mesma, mas vive para servir como agente do Reino de Deus neste mundo com vistas à glória de Deus. Para que seja eficaz em seu ministério, a Igreja precisa servir de modelo do Reino de Deus.
Vimos como Deus, que é Pai, Filho e Espírito Santo revelaram sua sensibilidade para com os gemidos da humanidade e de toda a criação e como, por compaixão, foram movidos a ação. A mesma motivação deve mover também a Igreja. A Igreja deve igualmente estar sensível aos gemidos e as necessidades humanas e também deve estar sensível a questões ecológicas. As boas obras não devem ser feitas como isca para evangelização, mas devem ser a expressão sincera de amor e solidariedade.
Vimos anteriormente como o ministério de Cristo foi exercido de modo encarnacional, e veremos, um pouco mais adiante, quais as implicações disto para a Missão da Igreja. Neste mesmo sentido, falaremos também sobre as implicações da cruz de Cristo e de sua ressurreição. O que nos leva direto para a natureza paradoxal do Reino de Deus, neste período de seu processo de desenvolvimento, que se situa entre a primeira Vinda de Cristo, quando da inauguração do Reino, até a Segunda Vinda, quando se dará a manifestação plena do Reino. Em Cristo encontramos o Rei, coroado com espinhos, que vem humilde sobre um jumentinho, que é ao mesmo tempo o Filho do Homem e o Servo Sofredor, que é aquele que tem todo o poder no céu e na terra e que se posta como ovelha muda diante de seus tosquiadores; que sendo Senhor, age como servo. Que ensina que os últimos serão os primeiros e que aqueles que quiserem ser os primeiros no Reino precisam assumir a condição de servo de todos. A Igreja também deve aprender com Jesus, no sentido de fazer primeiro para depois ensinar.
Procuramos, demonstrar que a missão da Igreja tem tudo a ver com a Escatologia, como bem colocou Juan Stam ao dizer que as expressões “Até o fim dos tempos” e “até os confins da terra” resumem a missão da Igrejai. Pois a Grande Comissão de pregar o Evangelho do Reino a todas as nações até o fim dos tempos (Mt 24.13; 28.19s), mostrando a relação íntima entre o futuro de Deus e a caminhada presente da Igreja, pois quanto mais o espaço se alarga, mais o fim se aproxima. Espaço e tempo estão conjugados, atrelados um ao outro, numa relação de interdependência. Existe, portanto um relacionamento estreito entre Escatologia, Espírito Santo e a Missão da Igreja. Sabemos que a promessa do Espírito é dom escatológico por excelência (At 2.16-21; cf.. Jl 2.28-32), sendo também amostra do futuro de Deus (Rm 8.19-23), sendo, mais do que adiantamento, parte do cumprimento. Sabemos ainda que quando os discípulos fazem uma pergunta escatológica (At 1.6) a resposta de Cristo inclui o dom do Espírito Santo equipando para a obra de evangelização mundial (At 1.8). De modo que o período antes do fim não é um tempo de espera infrutífera, mas é época da missão do Espírito e da Missão da Igreja. Jesus prometeu que as portas do inferno não prevaleceriam contra o avançar da missão da Igreja e prometeu também que “este Evangelho do Reino seria pregado para testemunho a todos as nações antes do fim”. E o Apóstolo Pedro justificou a aparente demora do retorno de Cristo dizendo que isto se devia a longanimidade de Deus que não quer que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao conhecimento da verdade e segue adiante afirmando que como cristãos, nós não devemos apenas esperar, mas também devemos apressar a Vinda de Cristo. Portanto, a Igreja não deve adotar uma postura passiva e acomodada, os cristãos não devem ser crentes de arquibancada, que se tornam meros espectadores dos eventos escatológicos ou meros prognosticadores e agoureiros do fim, pois a escatologia não existe para satisfazer a curiosidade, mas sim para nos dar visão da vontade de Deus e nos encher o coração de esperança e para nos mover a ação. Cheios do Espírito Santo, cumpramos nossa missão, e, como agentes escatológicos, apressemos a vinda do Senhor, o Grande Dia da manifestação do Filho de Deus, através do cumprimento de nossa missão integral como comunidade do Rei Jesus, que é o cabeça da Igreja, Rei dos reis e Senhor dos senhores.
Exploraremos e aprofundaremos um pouco mais as implicações da Escatologia, da natureza do Reino de Deus, da Missão de Cristo e do Espírito para a Missão da Igreja. E por fim veremos um exemplo histórico de como uma boa escatologia pode levar a Igreja a cumprir sua missão com grande impacto social.
O apóstolo Paulo ensina que o cristão, como cidadão do Reino, precisa se esforçar por viver a altura de sua nova cidadania (Ef 4.1; Fp 1.27; Co 1.10; 3 Jo 1.6). Precisa refletir a ética do Reino de Deus (Ef 3.10; 5.1 e 1 Pe 4.10). É como se um plebeu fosse conclamado rei. Precisará ser educado para viver de modo condizente, de maneira digna de sua nova posição. Deverá ser lembrado, ou ter sempre em mente, quem ele agora é, ou seja, qual é a sua nova condição, pois é certo que haverá conflito com seus antigos hábitos e estilo de vida anterior. Talvez esta ilustração ajude a entender o que o apóstolo Paulo deseja comunicar com as seguintes expressões que ele emprega em Colossenses: “tendo sido sepultados” (2.12), “Se morrestes com Cristo” (2.20), “porque morrestes” (3.2), seguidas por: “fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena” (3.5). Alguns poderiam objetar: “se morremos, por que é que temos que fazer, pois, morrer...?”. Pois enquanto estamos neste mundo, sofremos muitas tentações e precisamos nos desembaraçar de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, para então correr, com perseverança a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o autor e consumador da fé, Jesus (Hb 12.1,2); o autor de Hebreus ainda fala que o cristão está travando uma grande luta contra o pecado (12.4). Paulo diz, em Rm 8.13: “Porque, se viverdes segundo a carne, caminhas para a morte; mas, se pelo Espírito mortificardes os feitos do corpo, certamente vivereis”. Vemos aí, em Romanos, algo bastante parecido com o que temos em Colossenses, pois, em 6.1-6, Paulo ensina que estamos mortos para o pecado, etc... e, aqui, diz que devemos, pelo Espírito, mortificar os feitos do corpo. É interessante também notar que, em 6.11, ele diz aos que crucificaram o velho homem: “assim também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus”; e, ainda, sente ser necessário exortar: “Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões”.
iStam, Juan B. Profecia Bíblica e Missão da Igreja. Tradução de Roseli Giese – São Leopoldo, RS: Sinodal, 2003. 107. A este respeito, veja a interessante apresentação à edição brasileira, p. 3.

Wesley, grupos pequenos como modelos da cultura do Reino

(autor: Bispo José Ildo Swartele de Mello)
Wesley preocupou-se com estruturas, buscou estruturas para envangelizar as massas e também para discipulado. Wesley pesquisou entre moravianos e pietistas. A questão chave para a edificação de uma Igreja com uma comunhão saudável que vive, nutre e reflete os valores do Reino de Deus foi, no movimento Wesleyano, o sistema de classes ou pequenos grupos de discipulado e santificação. O pequeno grupo é importante, pois transmite fé e não apenas conhecimento. Aprendemos muito mais através do convívio do que através da leitura. O poder da cultura é maior do que a força de nossa cosmovisão. O que significa que não adiante mudar nossa consciência, pois sozinha a consciência tende a sucumbir à cultura. Um cristão pode até estar influenciado pelo ensino bíblico a mudar o seu estilo de vida, mas quando se depara com outros cristãos que estão vivendo assim como ele, acaba concluindo que não há nada de errado com ele. Portanto, precisamos desenvolver a cultura cristã em comunidades que nutram os valores cristãos, onde seja possível experimentar na vivência comunitária os princípios do Reino de Deus. Por exemplo, para reverter a maré do materialismo na comunidade cristã, nós precisamos desesperadamente de modelos vivos. Por esta razão, as boas obras de caridade não devem permanecer em segredo. “Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus” (Mt 5:16).
Snyder concorda com Richard Lovelace, que vê uma íntima relação entre o declínio do grande movimento metodista com o desprezo com que, com o passar do tempo, começou a ser tratada a estrutura das classes.i Não se deve desprezar o valor precioso papel destes pequenos grupos de apoio e cuidados mútuos, que promovem um ambiente acolhedor, solidário e favorável, para o desenvolvimento da cultura e dos valores do Reino de Deus, através também de uma série e salutar ordem disciplinar, com exortação em amor, oração em favor uns dos outros e estímulos mútuos para o desenvolvimento do caráter cristão pessoal e comunitário. Snyder chama a atenção para a necessidade que estes pequenos grupos tem de algo que vá além da mera comunhão, estudo e oração. Ele lembra que o sistema metodista implantado por Wesley demonstra o valor imprescindível de estruturas normativas para disciplina e missão, algo como um pacto de membros e supervisão dentro do grupo e de disciplina e supervisão do grupo e seus líderes ao grupo mais amplo da Igreja, etc.ii Uma revolução pode acontecer através de uma viva e efetiva luta em favor de justiça social, que começa com a edificação de uma comunidade de fé bíblica formada por discípulos cristãos.iii Estes pequenos núcleos são como sementes do Reino de Deus que germinam e impactam o mundo ao seu redor. Podemos pensar em algo como uma revolução espiritual de caráter contracultural que através da radicalização de suas ações e palavras, de modo que estejam comprometidas com os valores do Evangelho do Reino, a Igreja possa, com autoridade, desafiar o espírito de pecado e injustiça que tem dominado a sociedade em geral.
As classes caíram em desuso pelas seguintes razões: por causa da prosperidade dos metodistas, urbanização, mudança das reuniões das casas para igrejas; porque não se respeitou o número em torno de 12 pessoas (o número cresceu); e também por causa da profissionalização do ministério, que tornou o ministério algo um tanto elitista.
Agora, outra característica do movimento wesleyano, que merece destaque por sua tremenda contribuição ao desenvolvimento de comunidades cristãs que cumprissem sua missão de ser sal da terra e luz do mundo, foi a efetiva participação dos leigos.
iSnyder, Howard A. The Radical Wesley and Patterns fo Church Renewal. Eugene, OR: Wipf and Stock Publishers, 1998, p. 149.
iiSnyder, Howard A. The Radical Wesley and Patterns fo Church Renewal. Eugene, OR: Wipf and Stock Publishers, 1998, p. 162.
iiiSnyder, Howard A. The Radical Wesley and Patterns fo Church Renewal. Eugene, OR: Wipf and Stock Publishers, 1998, p. 165.

AVIVAMENTO, UM RETORNO À PALAVRA

NAMORO NA ADOLESCÊNCIA


Qual é a idade ideal para começar a namorar?
Muitos ficam surpresos quando descobrem que não é a idade biológica que conta, mas sim a maturidade espiritual e a emocional que determinam se uma pessoa já tem idade para namorar. Maturidade é saber impor-se limites e frustrações a curto prazo a fim de usufruir benefícios maiores a longo prazo. Um jovem está maduro para namorar quando demonstra responsabilidade e capacidade para abrir mão do prazer imediato em prol do futuro. A este respeito, o Pr. Edson A. de Sousa apresenta uma interessante ilustração em seu livro "O divórcio começa no namoro".

Ele conta de uma pesquisa feita com crianças que dizia assim: Ao que tudo indica um cientista pode prever o futuro ao observar crianças de quatro anos de idade interagirem com um docinho. O pes­quisador convida as crianças, uma de cada vez, em um quarto comum e começa o seu gentil tormento: "Você pode comer este docinho agora" Ele diz: "Mas se você esperar até que eu resolva um assunto, você poderá ficar com dois docinhos quando eu voltar". E então ele vai embora. Algumas crianças agarram o doce no minuto que ele sai pela porta. Outras duram alguns minutos antes de desistirem. Mas outras estão determinadas a esperarem. Elas cobrem os olhos, abaixam a cabeça, ficam cantalorando, tentam brincar ou até mesmo caem no sono. Quando o pesquisador retorna, ele dá a estas crianças os seus "suados docinhos".

Uma pesquisa entre os pais e professores destas crianças, revelou que aquelas que tiveram a firmeza para esperar pelo docinho geralmente se tornavam adolescentes mais ajustados e confiantes. As que logo caíram na tentação se frustraram facil­mente. Dobravam-se sob pressão e se intimidavam diante dos desafios e não aprenderam a lidar com frustração.

Iniciar um namoro numa idade precoce é algo que traz muitos riscos e acaba privando o adolescente de uma série de coisas legais típicas da idade devido aos ciúmes possessivos característicos dos namoros.  Não é sábio queimar as etapas da vida. "Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu" (Ec 3:1).

O adolescente não está preparado para namorar enquanto não tiver desenvolvido sua maturidade espiritual e emocional a ponto de dizer não à pressão sexual. Não acenda um fogo que não pode apagar. Não ir longe demais depende da maturidade, força de vontade, sua capacidade de dominar-se.

Você entrou num namoro só por causa dos beijos e carícias? Cuidado! Pois eles representam um grande atrativo, mas costumam cegar nosso entendimento para outras áreas importantes do relacionamento. Numa dessas, você pensa que o(a) garoto(a) é um príncipe (ou princesa), e, de repente, você está com o maior "sapo" nas mãos.

O ideal seria que todo o namoro começasse com uma boa amizade, onde um pudesse conhecer melhor o outro, sua personalidade, temperamento, caráter, afinidades e hábitos. Tem muito relacionamento amoroso que só se sustenta por conta da atração física. Quando um namoro está focado em beijos, amassos e sexo, os envolvidos acabam não se conhecendo profundamente como deveriam, pois o interesse sexual e a paixão acabam cegando-os para os defeitos um do outro.

Embora a maturidade emocional seja preponderante, a idade biológica não pode ser completamente descartada como sinal de que alguém está pronto para começar a namorar. Quanto mais cedo se começa a namorar, mais cedo também começa a prática sexual. Além dos danos emocionais e espirituais, preocupa bastante a questão das doenças sexualmente transmissíveis e a gravidez precoce, pois 22% dos nascidos no Brasil são filhos de mães adolescentes (Fonte IBGE 2009).


"Ficar" é uma curtição que pode custar caro

Não devemos tratar os outros como se eles fossem objetos da nossa satisfação. Não é correto também brincar com os sentimentos dos outros e nem mesmo arriscar os seus. Beijos na boca não podem ser tratados como coisa qualquer, pois é algo muito íntimo e pessoal. Devemos ser mais criteriosos neste assunto. Muita gente acaba se ferindo por conta de relacionamentos fingidos e levianos.

Sinceramente, você se casaria com uma pessoa que já "ficou" com todo mundo e que, na realidade, nunca "ficou" comprometida com ninguém?

Ficar é fria! Ficar é coisa leviana! Respeite a si mesmo e aos outros. Aja com responsabilidade considerando o futuro. Cuidado, pois "aquilo que o homem plantar, isto mesmo irá colher" (Gl 6.7).
Nas Escrituras Sagradas temos princípios de vida revelados pelo Criador para o bem-estar de todas as suas criaturas. Ele conhece o caminho das pedras. Devemos aprender a confiar em Sua sabedoria. Deus Se preocupa com nosso amadurecimento espiritual é por isso que nos pede pureza com relação ao assunto do sexo (2Co 11.2; Tt 2.4,5,14; I Pe 3.2).

A Bíblia não é um livro obsoleto. É importante darmos atenção ao conselho de Paulo a Timóteo: “Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste. E que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus” (2Tm.3.14,15)

Fuja das paixões da mocidade (2Tm 2.22). Fuja até da aparência do mal (1Ts 5.22). Não se exponha a tentação (Gl 6.1). Os adolescentes são por demais sujeitos a influência do grupo, portanto, devem evitar as más companhias (2Co 6.17). Não devem estar na roda dos escarnecedores (Sl 1). As más conversações corrompem os bons costumes” (1Co 15:33). Não namore com pessoas que não sejam bons cristãos (2Co 6.14). Cuidado com atitudes e vestimentas sensuais. “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus“ (Rm 12.2). Cuidado com a pornografia. “De que maneira poderá o Jovem guardar puro o seu Caminho? Observando-o segundo a tua palavra” (Sl.119.9). “Purificando as vossas almas pelo Espírito, na obediência à verdade” (1Pe 1.22).

Bispo José Ildo Swartele de Mello

BOLETINS Nº 81 A 90